Estado da
Informação em Cabo Verde: Por Uma Informação Livre dos poderes e Apartidária
Não é novidade para ninguém que a informação em Cabo
Verde anda condicionada (através da Censura e da Auto- Censura ) por todos os
poderes que atravessam a sociedade cabo-verdiana, a debater com uma autêntica
camisa de forças que é o centralismo paranoico. Dois factores conjugam para
esta situação grave e que se agrava dia para dia devido às vicissitudes da
própria economia cabo-verdiana, na prática estatizada, sem um sector privado
minimamente expressivo: o partidarismo e o centralismo. Depois de se zangarem
as comadres no seio do partido único que centralizava toda informação, gerando
duas famílias distintas, a de Caim e a de Abel, ela (a actual informação) que
reflecte um país dividido, dicótomo,
passou a estar dividida em dois campos, não restando espaço para o cidadão ter
outra informação independente, fora do terreno minado, filtrado,
bi-partidarizado, de modo a fazer a sua
própria opinião. O cidadão cabo-verdiano há 40 anos que vem sendo domesticado,
desinformado, uma situação que gerou a acriticidade, a passividade social e a
manipulação de consciências. Hoje em dia tudo o que sai para fora do Sistema,
ou é anti-séptico para o Sistema, ou senão tem que ter a aprovação tácita do
Sistema. Tudo o que ficar no meio não tem chances. E é a situação do
regionalismo, uma corrente de opinião que apanhou os partidos e o Establishment
de surpresa, e que eles não têm podido domesticar, levando a que ela viva do
ponto de vista oficial e da informação nos medias oficias, dominados desde a
Praia e controlados por sistema politico-económico, numa situação de
semi-clandestinida ou ostracização. Tudo isto vem a propósito de dois eventos
que quase passaram sob silêncio, não fora o espaço de liberdade que representa
os blogues e o facebook. Estou-me a referir à Reacção do Grupo de Reflexão
sobre a Regionalização de Cabo Verde (AGRRCV) e do Grupo de Reflexão da
Diáspora acerca do Debate relativo à Regionalização de 02 e 03 de Dezembro de
2014 que foi boicotada na imprensa centralista e partidarizada. O comunicado
foi distribuído na 3ª Feira passada e até hoje nenhuma referência em nenhum
jornal cabo-verdiano. Por outro lado um evento que não devia ter passado
desapercebido, a ida do Grupo de Reflexão da Diáspora para Roterdão no fim do
mês de Outubro, um evento de importância na Diáspora e na Emigração, que
associou quase uma centena de pessoas. Foi lançado o Livro os Caminhos da
Regionalização, houve um Debate bastante participativo. Houve cobertura de duas
Rádios da comunidade de Roterdão. Aparentemente o assunto não tinha importância
para Cabo Verde, quando se estava a debater precisamente o futuro de Cabo Verde
na Diáspora, A Regionalização, que de resto vai sê-lo na Cimeira de 02 e 03 de
Dezembro de 2014 na Praia. Bolas e a quantidade de faits-divers que se publica
nos jornais, e não há espaço para uma notícia destas?! Na realidade o tema e o
‘franc-parler’ das pessoas incomodou e
incomoda o sistema e o Establishment.
Isto tudo leva a questionar sobre a sanidade do país,
quem anda por detrás e a auto-censura devido aos papões partidários que
supervisionam tudo. Não tenhamos dúvida embora acontecer a Cimeira de 2 a 3 de
Dezembro, ainda neste preciso momento, é politicamente incorrecto falar de
Regionalização, a não ser a música que a Praia e os dois partidos gostam de
ouvir, e é o que vamos ter a partir de amanhã. Chamo aqui a capítulo os
jornalistas cabo-verdianos a propósito do estado de indigência em que se
encontra a liberdade da informação e os direitos e o papel do jornalismo
independente!!!
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