MANIFESTO PARA UM S.
VICENTE MELHOR
2010
José Fortes Lopes (Portugal), Luiz Andrade Silva (França), Adriano Miranda Lima (Portugal), Valdemar Pereira (França), Fátima Ramos Lopes (Portugal), Arsénio Fermino de Pina (Portugal), Nuno Álvares de Miranda (Portugal), Nominanda Silvestre Almeida Fonseca (Portugal), Viriato de Barros (Portugal), Arsénio Fermino de Pina (Portugal), José Figueira Júnior (França), Antero Barros (Cabo Verde), Maria de Lourdes Soromenho Ribeiro de Almeida Chantre (Portugal), Guilherme Dias Chantre (Portugal), Celso Ramos Celestino (Portugal), Osvaldo Miranda Lima (Portugal), António Advino Sabino (Portugal), Carlos Adriano Vitória Soulé (Angola), José Eduardo Salomão Mascarenhas (Portugal), Fernando Frusoni (Itália), Veladimir Romano Calado da Cruz (Portugal), Eduíno Santos (Cabo Verde), João Manuel Oliveira (Portugal), Maria Filomena Araújo Vieira (França), Jorge Emanuel de Sales e Melo Martins (Portugal), Manuel dos Santos delgado (Portugal), Joaquim Francisco Monteiro (Portugal), Maria Ermelinda Cunha Vieira (Portugal), José Luís Santos Silva Brito (Cabo Verde), Anilda Márcia Oliveira Rodrigues (Portugal), Maria Ermelinda Cunha Vieira (Portugal), Aristides Hugo Pereira (Portugal), Eunice Corina Pina Alves Monteiro de Macedo (Portugal), António José Fermino (Portugal), Jorge Almeida Fonseca (Portugal), Carlota de Barros Fermino Areal Alves (Portugal), Abílio Areal Alves (Portugal), David Graça da Rosa (Portugal), Maria Filomena Feijó Pereira Lopes da Silva Graça Rosa (Portugal), António Gabriel da Silva St. Aubyn (Portugal), Tomás Tito Neves Duarte (Portugal), José Duarte (Portugal), Aida Manuela Oliveira Ramos (Portugal), Maria Helena Pinto Neto (Portugal).
Aderiram à Iniciativa
Aderiram à iniciativa:
Agnelo António C. M. Monteiro de Macedo (Portugal), Antónia Mosso Santos (Cabo Verde), Rogério Vera-Cruz (Cabo Verde), Anildo Marçal Soares Silva (Cabo Verde), Vladimir Koenig (Brasil ), Manuel Marques da Silva (Cabo Verde), Ludmila (Cabo Verde), Arlindo Évora Lima (EUA) , Adriano Lima (Suiça), Edgard Manuel Morais Silva (Brasil), Júlio Goto (Noruega), Neusa Maria Rocha (Noruega) , Vasco Cardoso (Holanda), Samira Nobre de Oliveira Pereira Silva (Cabo Verde) , João Branco (Cabo Verde), Nathaniel Lima Barros (Cabo Verde), Carlos Alberto Spencer da Conceição Carlos (França), Herberto Augusto Ribeiro de Almeida G. Martins (Portugal), Odete Mosso (Portugal), Alessandro (Cabo Verde), João Carlos Estevão (Cabo Verde), Stephanie Duarte (Portugal), Joseph Leite (EUA), Manuel Brito-Semedo (Cabo Verde), Maria Regina Lopes (França) Cidália Araújo ( Reino Unido), Lúcia Cardoso (Cabo Verde), Carla Monteiro, (Cabo Verde), César Santos Silva, (Cabo Verde), Carlos Fortes (Cabo Verde), Leila Augusta Ramos Rocha (Portugal), Adilson Medina (Portugal), César Alberto Nobre de Melo (Brasil), Dilsey Lopes (França), João Carlos Estêvão (Cabo Verde), Manuela Fortes Mendes Pereira Mascarenhas Câmara (Portugal), João de Brito (Argentina), Jorge Custódio Pereira (Portugal), Manuel Cândido Paris (Portugal), Hirondina Da Cruz ( USA), Jose Fontes (Portugal), Christie Barros Brigham Wahnon (Cabo Verde) , Joaquim Saial (Portugal), Sandro Fortes (Portugal ),Carlos Vieira (EUA) , Carina (Portugal), Armindo Gonçalves (Cabo Verde), Crisolito Ramos Oliveira, (Cabo Verde), Alfredo Ramos Brito Júnior (Cabo-Verde), Adriano Lima (Suiça), Ana Paris (E.U.A ), Edith Borges (Suécia), João Miguel Nobre de Mel (Brasil), Cláudia Sena (Cabo Verde), Carlos Cabral (EUA), Oscar Alberto Almeida Monteiro dos Reis (Portugal), Ruth Neves dos Santos (Brasil), David Medina (Cabo Verde), Maria da Conceição Firtes (Portugal), Arminda Rosa Monteiro Sousa Silva (Brasil), Armindo Corsino dos Santos Cohen (Brasil), Ruth Nogueira Fortes (Noruega), Guilherme St. Aubyn Mascarenhas (Cabo Verde), Nelson Ribeiro Mascarenhas (Alemanha), Rui Manuel Knopfli Miranda (Portugal), Edna Pereira Revelard (França), Nelson Faria (Cabo Verde), Rui António Fugger Knopfli Miranda (Cabo Verde), Lígia Pinto (Cabo Verde), Danielson Flor da Luz (Cabo Verde), Aristides Mascarenhas Pires Veiga do Rosário Neves (Cabo Verde), Nelson Faria (Cabo Verde), Emely Santos (Cabo Verde), Joana Soares Ferreira de Conceição (Países Baixos), Maria Manuela E. Duarte Ferro (Cabo Verde), Elsie Gomes (Portugal), Hugo Miguel Oliveira Gomes (Brasil), Maria Manuela Duarte (Cabo Verde), Lindomar Rocha (Portugal), Hermano Machado Santos (Portugal), Carlos A. P. Germano (Cabo Verde), Jorge Morbey (Macau), Ana Maria Figueiredo Brito Germano (Cabo Verde), Alícia Borges Månsson (Suécia), Isidro Évora (Cabo Verde), Adriano Pascoal (Canadá), Ivanilda Almeida (Portugal), Carlos Figueira ( Tchalé Figueira) (Cabo-Verde), Gentil Leite (Cabo Verde), Eduardo Da Cruz (EUA), Nilton Sousa (Cabo Verde), Jorge Sousa (Cabo Verde), Sara Spínola (Cabo Verde), Francisco de Paula Roberto (Noruega), Otelma Lima Borges (Cabo Verde), Teresa Patrícia Roberto Santos (Portugal), Carlos Miguel Costa Cruz Vieira Ramos (Brasil), Flávio Hamilton (Portugal), Miguel António Barbosa Amado (Portugal), Tomásia Teixeira (Portugal), Carlos Galleano (Cabo Verde), Dulce Lopes (França), Paulo Emanuel Gomes Brito (Cabo Verde)Pedro Gabriel Duarte Soulé (Cabo Verde), Maria José Borges Monteiro Rodrigues (EUA), Yenda Évora (EUA), Eurico Valentim dos Santos (Portugal), Adalgiza Miléne Perpétua dos Santos (Cabo Verde), Alexandrino Nascimento Gomes (Portugal), Cláudio Soares (Portugal) Marco (Cabo Verde), João Manuel Feijóo Leão (Cabo Verde), Juvénio Tomé Duarte (EUA), João Roberto dos Santos Coutinho Vitória Soulé (Cabo Verde), Djinho Barbosa (Cabo Verde), Mário Alexandre d'Aguiar (Cabo Verde), Maria Luísa Faria (Portugal), Zelito Lima Delgado (Portugal), Cristina Luz (Cabo Verde), Luís Neves (EUA), Elton Évora (Portugal) Geovani lves(Portugal), Matilde Henriques Veiga (Franca), Yanick Benrós de Melo Duarte (Cabo Verde), João de Deus Nobre Chantre Lopes da Silva (Cabo Verde), Maria-José Morais Campos (Cabo Verde), Aracy Martins (Portugal), Daniela St. Aubyn (Portugal), Carlos Lima (Holanda), Tito Lívio Ramos Rodrigues (Cabo Verde), Carlos Vieira Ramos (Cabo Verde), Ruth Nogueira Fortes (Noruega), Colin Silva (Portugal), Daisy Mara Monteiro Chantre (Cabo Verde), Conceição Maria Fortes (Cabo Verde), Kleine Cardoso (Portugal), Mauro Lizardo (Cabo Verde), Nick Freitas (Portugal), Elzo Neves (Portugal), Denise Martins (Cabo Verde), Aristides Vera-Cruz Martins (Cabo Verde), Emanuel Gomes (Inglaterra), Marlene Lima (Portugal), Álvaro Miranda (Holanda), Baltasar L. Barros (EUA), Maria Fátima Barros (EUA), João de Deus Soares (Cabo Verde), Giselle Pinto (EUA), Joaquim Mariano (Portugal), Amália C. Sternheim (Argentina) Edson Alves (Alemanha), Janaina Dias (Cabo Verde), Manuel da Luz Lopes Gomes (Cabo Verde), António João Monteiro Sousa (EUA), Alcindo Amado (Cabo Verde), Eunice Lopes da Graça (Cabo Verde), Cinthia Gomes (Cabo Verde), Alfredo Sena (Holanda), Nuno Alexandre Correia (Cabo Verde), Edson Vladimiro Alves Cabral dos Santos (Cabo Verde), Jahmila M.S. Monteiro (Inglaterra), Helga Monteiro Girão (Portugal), Silvestre da Cruz (Cabo Verde), Gy Spencer Lopes (EUA), Gui Monteiro (EUA), Jorge Manuel Almeida da Graça (Cabo Verde), Maria do Rosário Wadie (Inglaterra), Maria Sílvia Martins (Portugal), Aguinaldo Faria (Portugal), Maria Monteiro de Jesus (Portugal), Leandro Marques Simões (Brasil), Odete Bettencourt (Argentina), Bernardo Correia Oliveira (Brasil), Olegário Sousa (EUA), Carlos Silva Martins (França), Mário Silva Reis (Bélgica), Aurora Silva (Cabo Verde), Alice Paula Andrade Silva (França), Afonso Bastos Martins (Itália), David Nadelman (EUA), Lucília Francisca Santos (EUA), Pedro Soares (Holanda), Orlando Matias Angola), Evandro Matos (Cabo Verde), Lígia Duarte (Cabo Verde), Isabel Mendes Lima (Portugal), Ana Cristina Mendes Lima (Portugal), Carlos A. Medina (EUA), Ana Santos Fortes (Holanda), José Rui Monteiro Chantre (Cabo Verde), Maria Beatriz Ribeiro de Almeida (Portugal), Manuel Santos Cruz (Luxemburgo), Revelard Pereira Jacques (França), Alix Pereira (Suiça), António Augusto R. Brito (Portugal), Miranda Craveiro Maria da Luz (França), Carolina Santos Carolina (França), Dumolard François (França), Francisco da Cruz Évora (Cabo Verde), Helder Galleano G. (Portugal), Luís Afonso Ferreira Santos (Portugal), Armando Silva (Noruega), Hélder Silva (EUA), Suzilene Tortes Ramos (Cabo Verde), Fernando Silva Andrade (Senegal), Gisela Faria Barros (Cabo Verde), António Santos (Noruega), Nuno Jorge Costa (Cabo Verde), Ilza Galleano (Cabo Verde), Miguel Arcângelo Silva (Cabo Verde), Victor F. Santos (Portugal).
Ex.mo Senhor Presidente da República de Cabo Verde
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia Nacional
Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro de Cabo Verde
Ex.mos Senhores
Deputados Assembleia Nacional
Ex.mo Senhor Presidente da Câmara Municipal de S.
Vicente
Ex.mos Senhores Deputados da AMSV
Ex.mos Senhores
Presidentes dos Partidos Políticos de Cabo Verde
Preâmbulo
A ilha de S. Vicente foi, no passado, o centro económico, político,
cultural e intelectual de Cabo Verde. Foi nesta ilha que se implantaram, no
século XIX, com o arranque da Segunda Revolução Industrial, as primeiras
unidades industriais e comerciais do arquipélago, que dinamizaram toda a vida
económica da então colónia. S. Vicente passaria então a ser o coração do
Arquipélago.
A ilha acolheu pessoas que, pobres e sem outra esperança, migraram de
todo o Arquipélago, à procura de uma vida melhor. Graças à abertura ao exterior
proporcionada pelo seu importante porto de mar, Mindelo tornou-se um centro cosmopolita,
fervilhando de actividades culturais, artísticas e recreativas, que o
projectaram no contexto regional.
Abrigou as melhores escolas e o primeiro liceu da colónia, tendo sido o
berço da quase totalidade da passada e actual ‘’intelligentsia” cabo-verdiana,
assim como da maior parte da actual classe dirigente do país. A ilha congrega
as múltiplas idiossincrasias de Cabo Verde, sendo o paradigma do sincretismo
nacional. É um exemplo de tolerância e integração positiva de valores
universais. Foi em Mindelo que nasceu o primeiro movimento cultural que haveria
de conduzir ao despertar da consciencialização política da população da colónia,
e foi nele que se travaram as lutas mais determinantes para o futuro de Cabo
Verde.
Por estranho paradoxo, o início da decadência de S. Vicente coincide
com a inauguração de Cabo Verde como país independente, quando as legítimas
expectativas apontariam para o inverso, em consonância com os valores de
liberdade e ânsia de progresso que foram sempre consagrados pela sua população.
O modelo de desenvolvimento implementado pela I República de Cabo Verde
consistiu em concentrar todos os poderes e recursos na Capital, opção com
consequências gravosas para S. Vicente, em particular, e Cabo Verde, em geral,
chegando a ilha a uma situação de penoso retrocesso e quase irrelevância
política. Todos os governos sucessivos prosseguiram nesta mesma tendência
asfixiante, que se acentuou nos últimos anos.
A ilha de S. Vicente foi marginalizada politicamente e aos poucos foi
sendo depauperada da maior parte dos seus recursos humanos, em virtude do
efeito centrípeto que uma capital macrocéfala teria fatalmente de exercer. A
situação actual da ilha é caracterizada por uma clara decadência económica e
cultural, um nível elevado de desemprego, problemas de delinquência,
insegurança e outros males antes desconhecidos.
Recusando ver a ilha enveredar por tão vertiginosa decadência, um grupo
de cidadãos subscreveu este apelo, em prol de um S. Vicente Melhor, exortando à
implementação de políticas tendentes a inverter a situação, a fim de recolocar
a ilha no lugar de destaque que merece no conjunto do país, e em conformidade
com o protagonismo histórico que assumiu ao longo de mais de um século, com
proveito para todos os cabo-verdianos.
Assim, entendemos que é imperativo implementar uma série de medidas, a
saber:
1.No plano económico e
social
Promover mais e melhor investimento do Estado em sectores geradores de
riqueza na ilha, incentivando a criação e a densificação de pequenas e médias
empresas competidoras no mercado, a formação profissional e a qualificação da
mão-de-obra.
No âmbito do que
precede: procurar envolver mais intensamente o sector empresarial privado de S.
Vicente, sobretudo identificando casos de excelência que possam ser replicáveis,
estimulados e mostrados no exterior, concitando parcerias em áreas afins; potenciar o que de bom já existe e apoiar o
desenvolvimento crescente dessas empresas,
mediante linhas de apoio financeiro
à iniciativa privada; organizar mostras do que é especial na ilha de S. Vicente,
para divulgação a nível nacional e externo; valorizar internamente casos de
sucesso em termos da resposta social às questões mais problemáticas.
Implementar uma Infra-estruturação adequada, nomeadamente no âmbito do
Porto e do Aeroporto, de modo a maximizar as potencialidades da ilha e a fazer
dela uma plataforma do comércio
internacional.
Em particular, tornar realidade o prometido Cluster do Mar, já que se
trata de um projecto de grande alcance e dos que melhor se enquadram com a
vocação marítima e as tradições laborais da ilha de S. Vicente. Um “Cluster do
Conhecimento e da Economia do Mar”, se for bem concebido e projectado, poderá
ser um importante factor de relançamento da ilha, com benefício para todo o
país. Um Cluster desta natureza englobará actividades como a construção naval,
operações portuárias, intensificação e modernização das pescas, transformação
de pescado, além do turismo marítimo. Em conformidade, expandir a investigação
e o desenvolvimento tecnológico em áreas científicas relacionadas com o mar,
bem como estimular a inovação nas actividades económicas centradas nos recursos
marinhos, fomentando o acesso a serviços tecnológicos e o empreendedorismo.
Neste âmbito, haverá que potenciar as possibilidades do ISECMAR, dotando-o de
meios e equipamentos em ordem aos objectivos de desenvolvimento tecnológico em
vista.
Facilitar a instalação em S. Vicente de empresas multinacionais de
novas tecnologias, empregando mão-de-obra intensiva ou qualificada.
Reforçar os meios e as capacidades das Escolas Técnicas e criar uma
Escola Politécnica, orientando-as para a formação e requalificação
profissional.
Criar um Campus Universitário e um Complexo Científico abertos ao
Mundo, tendentes a integrar Cabo Verde nas novas redes e rotas das Ciências e
Novas Tecnologias, e permitindo o intercâmbio entre cientistas e jovens
universitários de vários continentes.
Investir em politicas rurais para a ilha, nomeadamente, correcção
torrencial, construção de disques e barragens e definição de áreas agrícolas e
de pastoreio para nichos de mercado específicos no mercado interno e
internacional.
Planear a auto-suficiência energética da ilha baseada em energias
renováveis.
Finalmente, e não menos importante, repensar seriamente a política da
Emigração, em todas as suas vertentes, atendendo a que as nossas comunidades
diaspóricas têm desempenhado um papel importante nas transformações políticas,
sociais e económicas em S. Vicente como em todo o Arquipélago. À imagem do povo
judaico, cujos lobbies são uma verdadeira força ao serviço de Israel,
recomenda-se que se proceda a um inventário das capacidades económicas,
culturais e outras de que são detentoras todas as nossas comunidades
diaspóricas, a par da implementação de políticas tendentes à sua melhor
(re)integração nas ilhas de origem e em todo o país, através de incentivos
legislativos e económico-financeiros que facilitem o investimento na ilha e o
seu retorno. Se esta questão não é exclusiva da ilha de S. Vicente, o facto é
que a emigração assumiu particular relevância na vida e no desenvolvimento
desta ilha.
2. No plano político
Considerando que os problemas que defronta S. Vicente têm uma origem
inquestionavelmente política, e que a sua resolução dependerá da exploração
conveniente das capacidades e competências políticas existentes na ilha,
associada a uma maior proximidade dos decisores políticos às populações, recomenda-se
o estudo e a implementação de uma profunda Reforma Política e Administrativa do
país, no sentido de uma criteriosa descentralização política que conduza à
criação de Regiões e Autonomias eleitas pelos cidadãos, com poderes de decisão,
no plano político, económico, financeiro e cultural. Todos os cenários
possíveis devem ser estudados de modo a estimular as solidariedades e sinergias
insulares e regionais e uma competitividade sã no arquipélago, a par de um envolvimento necessariamente
mais activo dos cidadãos e suas organizações na cena política.
3. No plano cultural
Considerando que Mindelo encerra um Centro Histórico e Cultural único,
com um potencial anímico e arquitectónico que o capacita a ser um dos cartões
de visita de Cabo Verde, recomenda-se a transformação da cidade numa plataforma
de intercâmbio cultural e social, e a estimulação do desenvolvimento de um
turismo de qualidade.
Considerando que o seu património, material e imaterial, vem sendo, desde
há décadas, negligenciado, ameaçado e mesmo demolido, como aconteceu com vários
ex-libris da cidade que foram ou
estão em vias de ser substituídos por projectos arquitectónicos que não só violam
a traça histórica da cidade como representam empreendimentos imobiliários
duvidosos, apela-se a políticas públicas interventivas, tendentes a: dinamizar
a vida social cultural e intelectual da ilha; classificar e preservar o
Património Histórico e Cultural da ilha; proceder à requalificação urbana da
parte histórica e sua integração nos roteiros culturais e turísticos mundiais;
proceder à criação de uma zona turística requalificada e cultural na Baixa da
Cidade (designadamente, entre Rua de Matijim e Praia d’ Bote).
Por último, apela-se ao respeito pelas especificidades culturais da
ilha e de cada parcela do território nacional, reconhecendo-se como factor de
enriquecimento a diversidade cultural, insular, regional e linguística do país,
repudiando-se, assim, políticas etnocêntricas e assimilacionistas baseadas em preconceitos étnicos, filosóficos,
religiosos ou políticos.
Signatários
Subscrevem este Documento cidadãos cabo-verdianos sem qualquer filiação
politico-partidária e pertencentes às mais diversas formações académicas e
áreas profissionais: medicina, engenharias, arquitectura, investigação
científica, ciências físico-químicas, ciências políticas, economia, sociologia,
ensino universitário e secundário, direito, história, literatura, relações
internacionais, diplomacia, ciências militares, etc. Preocupados com a contínua
degradação da situação económico-social e perda do estatuto político da ilha em
que nasceram ou viveram parte significativa das suas vidas, apelam às altas
entidades destinatárias para que se tomem medidas urgentes e eficazes no
sentido da recolocação da ilha de S. Vicente no lugar que merece e já ocupou no
contexto do arquipélago, a bem do desenvolvimento integral e equilibrado do
país.
Subscrevem:
José Fortes Lopes (Portugal), Luiz Andrade Silva (França), Adriano
Miranda Lima (Portugal), Valdemar Pereira (França), Fátima Ramos Lopes
(Portugal), Arsénio Fermino de Pina
(Portugal), Nuno Álvares de
Miranda (Portugal), Nominanda Silvestre Almeida Fonseca (Portugal), Viriato de
Barros (Portugal), Arsénio Fermino de
Pina (Portugal), José Figueira Júnior (França), Antero Barros (Cabo Verde), Maria
de Lourdes Soromenho Ribeiro de Almeida Chantre (Portugal), Guilherme Dias
Chantre (Portugal), Celso Ramos Celestino (Portugal), Osvaldo Miranda Lima
(Portugal), António Advino Sabino (Portugal), Carlos Adriano Vitória Soulé
(Angola), José Eduardo Salomão Mascarenhas (Portugal), Fernando Frusoni (Itália), Veladimir Romano Calado
da Cruz (Portugal), Eduíno Santos (Cabo Verde), João Manuel Oliveira (Portugal),
Maria Filomena Araújo Vieira (França), Jorge Emanuel de Sales e Melo Martins (Portugal),
Manuel dos Santos delgado (Portugal), Joaquim Francisco Monteiro (Portugal),
Maria Ermelinda Cunha Vieira (Portugal), José Luís Santos Silva Brito (Cabo
Verde), Anilda Márcia Oliveira Rodrigues
(Portugal), Maria Ermelinda Cunha Vieira (Portugal), Aristides Hugo Pereira
(Portugal), Eunice Corina Pina Alves Monteiro de Macedo (Portugal), António
José Fermino (Portugal), Jorge Almeida Fonseca (Portugal), Carlota de Barros
Fermino Areal Alves (Portugal), Abílio Areal Alves (Portugal), David Graça da Rosa (Portugal), Maria
Filomena Feijó Pereira Lopes da Silva Graça Rosa (Portugal), António Gabriel da
Silva St. Aubyn (Portugal), Tomás Tito Neves Duarte (Portugal), José Duarte
(Portugal), Aida Manuela Oliveira Ramos (Portugal), Maria Helena Pinto Neto
(Portugal).
Aderiram à iniciativa:
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