sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

  A SAGA DA REGIONALIZAÇÃO CARLOS FORTES LOPES

Na minha óptica, de defensor acérrimo do modelo de grupo de ilhas, convido aos demais intervenientes e colaboradores neste processo de regionalização do país a apresentarem argumentos plausíveis e convincentes, defendendo o modelo de ilha-região, apresentando, também, os prós e os contras do processo.
Todos os participantes deste debate precisam ser responsáveis e ter em consideração todas as questões sobre as potencialidades e fragilidades de cada ilha e ou grupo.
Para conseguir esses dados, somos obrigados a visitar e estudar as diferentes localidades de todas as ilhas, de forma a conhecer as potencialidades de cada uma e ou o que poderá ser aplicado para o benefício da ilha/populações e ou do grupo de ilhas.
Sentado nas cadeiras dos escritórios, nas cadeiras das esplanadas dos bares/restaurantes ou nas esquinas das ruas nunca conseguiremos ter dados concretos da realidade dos factos científicos de cada ilha.
Temos que primeiro saber que existem aspetos geomorfológicos, dos quais derivam os diversos diques e filões que se encontram hoje na ilha de Santo Antao e também nas ilhas de Sotavento. Pois, este fato parte do princípio que as ilhas se formaram ao longo da fartura de orientação E-W, proviniemte dos fenómenos vulcânicos.
A partir daí teremos as bases suficientes para estudarmos a geodiversidade, a biodiversidade, a geologia, o ecossistema, os patrimónios cultural, ambiental e humanos de cada ilha, etc., etc.
Sem esses dados nunca será possível a conclusão de um estudo de regionalização apenas através de diálogos de "mesas redondas", pontas das esquinas ou mesmo de simples clicks nos computadores ou outros utensílios electrónicos de pesquisa.
Tudo isso exige um trabalho de terreno que por sua vez exige vontade, muita dedicação e um mar de determinação de trabalhar para o bem do povo destas ilhas abandonadas pelos atores políticos residentes na capital do país.
Após a primeira etapa seguem as quatro seguintes perguntas que são cruciais para se desenvolver e concretizar o processo:
1- Que Regionalização é capaz de proporcionar trabalho para todos neste momento em que o desenvolvimento tecnológico e a filosofia econômica em vigor, entraparam, de há muito, em conflito com a necessidade de trabalhar que o homem tem?
2- Que modelo é capaz de proporcionar o mais baixo custo da própria Regionalização?
3- Que modelo de Regionalização poderá proporcionar a cada cidadão a possibilidade de participação responsável e aliciante na sua sociedade/região?
4- Que modelo poderá proporcionar o rigoroso controlo de uma sólida Regionalização, sem a sufocar os custos impeditivos?
Se conseguirmos encontrar as respectivas respostas, ou parte delas, estaremos num bom caminho. Caso contrário é desnecessário sonhar e pensar que vai acontecer.
Até hoje nunca ouvi dizer que um sonho tornou realidade sozinho. Sonhos são sonhos e podem até ser concretizado, mas para que isso aconteça será necessário irmos à luta, o que decerto será um ótimo exercício capaz de iluminar os caminhos da sua concretização.
Ousemos pois, mesmo entendendo que, desde já, a primeira questão nos coloca perante a tentativa de resolução da quadratura do círculo.
Não esqueçamos de que o desenvolvimento tecnológico e liberalismo económicos juntos formam a arma ideal para a conquista do lucro.
Pois, não devemos esquecer que se a riqueza privada e a maior força de uma sociedade.
Com a multiplicidade de empresários, de preferência nacionais na sua maioria, melhor serão as nossas possibilidades de sucessos.
Com a competitividade chega a balança dos custos de produção e distribuição e, quando menos forem os custos de produção menor serão os custos de venda/compra.
O milagre da resolução do círculo resolve-se sempre com a introdução de um agente catalisador que se dá pelo nome de competitividade.
Soluções existem, e algumas são:
a) Desenvolver um sistema de produção, distribuição e consumo em cadeia, com base na agricultura, na pecuária e na pesca, capaz de implicar uma redução drástica da importação.
b) Desenvolver um sistema de produção com base na transformação dos bens primários, no artesanato, na música, no desporto, na informação, na literatura, virados também para a exportação.
c) Encontrar na prestação de serviços, uma vocação e um destino.
d) Dar vazão à criatividade e competitividade empresarial, visto que também daí poderá vir alguns bons resultados.
Concretizando, é no aproveitamento do sector primário, explorado de forma alargada e envolvente, que temos de criar a base sólida capaz de aguentar as movimentações necessárias, rumo a um desenvolvimento harmônico e sustentado da regionalização destas 10 ilhas e 8 ilhéus.
Meus caros, esta terra pode muito bem oferecer-nos tudo necessário para o bem estar das populações mas, para que isso aconteça será imperativo trabalhar arduamente e com objectividade.

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