sábado, 4 de fevereiro de 2017

Comemorações do Liceu de Cabo Verde: entre o Novo e o Velho ; entre os 50 e os 100 anos, os politicos e o diabo escolhem.
O Jornal a Anação noticiou que os 50 anos de Liceu Novo vão ser comemorados com pompa e circunstância e as festividades parecem ter o Patrocínio oficial da Direcção do Liceu, denominado actualmente Liceu Ludgero Lima, nome de um dito combatente da liberdade da pátria e ex-funcionário do estabelecimento.
A primeira coisa que posso dizer é que esta notícia tem piada, pois este evento coincide com o Centenário do Liceu de S. Vicente de Cabo Verde que até 1974 se chamava Gil Eanes. Recordem que em 2016 criou-se sob o impulso do sociólogo Luiz Silva uma comissão de Comemoração do Centenário do Liceu, mas parece que está no segredo dos deuses, ou o assunto é tabu.
A perplexidade é tão grande pois é curioso não se está a comemorar o conceito do Liceu (Centro de Saberes, Cultura e Intelectualidade) nascido há 100 anos pelas mãos do Senador Vera Cruz que disponibilizou a sua casa imortalizada pelas instalações da Ex-Grémio Recreativo do Mindelo/Rádio Barlavento hoje Centro de Artesanato, mas sim os 50 anos do edifício de pedra e cal (ver a 2ª foto). A questão que se coloca é se isto tudo não é uma patranha orquestrada politicamente para ofuscar o Centenário, pois só lembraria o diabo não organizar conjuntamente os dois eventos que fazem parte de um todo Cultural e intelectual da ilha e de Cabo Vere, nesta ilha de S. Vicente que é o berço da modernidade cabo-verdiana hoje vítima do escárnio e do ostracismo político por uma geração de Homens Novos. Assim pergunto-me se comemorar 50 anos de Liceu Novo não é um acto de ingenuidade ou mesmo insensibilidade a história da ilha.
Por outro lado enfatizar o papel de um guerrilheiro do PAIGC nas matas da Guiné e esquecer o Senador Vera-Cruz e tantos nomes de vultos dos professores (Adriano D. Silva, Baltazar Lopes, Aurélio Gonçaves etc) que passaram pelo Liceu é de uma ingratidão a roçar o absurdo.
Nesta martirizada ilha de S. Vicente existem forças centrífugas a puxar por todos os lados e não há meio de se criar um consenso político em torno dela: partidos políticos puxam para um lado, o Centralismo da capital por outro lado. A ilha e os seus cidadãos pagam a dobrar os malefícios destas lutas.
Comemorar os 50 anos da inauguração do edificio novo, chamado Liceu Novo não faz sentido nenhum!! Faz sim comemorar os 100 anos do Liceu Oficial de Cabo Verde, o Conceito.
Saber que há 100 anos um grupo de cidadãos liderados pelo Senador Vera Cruz lançaram nesta ilha de S. Vicente um projecto inovador revolucionário o Liceu Oficial de Cabo Verde (como tantos outros que nasceram nesta mesma data, ver o caso do projecto de electrificação de S. Vicente de Pedro Bonnucci) é policamente incorrecto é insuportável para a narrativa oficial. Os cabo-verdianos não devem saber isso. Por isso existe esta tentativa de opor o Liceu Novo contra Liceu Velho, omitir as personalidades que passaram por este Liceu (consideradas por políticos esquerdista e outros fundamentalistas ), agentes do colonialimo, que ofuscam os milhares de políticos incompetentes e incultos que grassam neste país, que já foi Cabo Verde e que está-se a afundar no abismo do Atlântico, tal como previa o poeta José Lopes

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