REGIONALIZAÇÃO DE CABO VERDE; ARGUMENTAÇÃO EM DEFESA DO MODELO DE GRUPO DE
ILHAS
Carlos Fortes Lopes
Na sequência do último artigo, iniciamos a nossa dissertação de hoje com a
nossa argumentação sobre o Modelo de Grupos, inserido no debate e processo de
Regionalização do país.
A nossa proposta de Regionalização do arquipélago é constituída de duas
fases.
Numa primeira fase (a que estamos argumentando presentemente) serão criados
quatro (4) grupos de ilhas, com base nas seguintes questões:
1- Que Regionalização é capaz de proporcionar trabalho para todos neste
momento em que o desenvolvimento tecnológico e a filosofia econômica em vigor,
entraparam, de há muito, em conflito com a necessidade de trabalhar que o homem
tem?
2- Que modelo é capaz de proporcionar o mais baixo custo da própria
Regionalização?
3- Que modelo de Regionalização poderá proporcionar a cada cidadão a
possibilidade de participação responsável e aliciante na sua sociedade/região?
4- Que modelo poderá proporcionar o rigoroso controlo de uma sólida
Regionalização, sem sufocar os custos?
A minha opinião sobre a Regionalização e o Modelo de Grupo de Ilhas que
defendo são baseados em muitas horas de trabalho de pesquisas e investigações
livres efectuadas em defesa dos interesses do país que carrego dentro mim, para
todo o lado onde estiver.
Conforme temos vindo a constatar, o eleitorado nacional já está
manifestando o seu cansaço com a descoordenada partidocracia política Nacional
e o Centralismo econômico destas governações que continuam descaradamente a
desrespeitar as seguintes três ferramentas que definem a seriedade de qualquer
Democracia.
1. A soberania pertence ao povo, que a exerce pelas formas e nos termos
previstos na Constituição.
2. O Estado subordina-se à Constituição e funda-se na legalidade
democrática, devendo respeitar e fazer respeitar as leis.
3. As leis e os demais atos do Estado, do poder local e nacional, dos entes
públicos em geral só serão válidos se forem conformes com a Constituição da
nossa República.
Baseando-nos na realidade social actual do Pais, somos de opinião de que
Cabo Verde está homogeneamente, culturalmente e economicamente dividida em
quatro (4) Regiões.
A saber: a Região constituída pela ilha de Santiago (Norte e Sul) e a
vizinha ilha do Maio. Sugerimos que haja uma cautelosa descentralização de
alguns ministérios. A estrutura do Executivo Governamental, poderá muito bem
ser descentralizada da seguinte forma: Gabinete do Primeiro Ministro,
Ministério da Defesa Nacional, Ministério da Justiça, Ministério das Finanças e
Ministério dos assuntos parlamentares permanecerão na ilha de Santiago enquanto
que o Ministério da Economia, da Saúde, da Cultura, da Agricultura e outros
precisam ser localizado nas ilhas que constituirão os restantes grupos
regionais, de acordo com as potencialidades e exigências de cada região.
1. Santiago Sul, Santiago Norte e ilha do Maio.
2. Fogo e Brava
3. Boavista, Sal e São Nicolau
4. Santo Antão, São Vicente e Santa Luzia (ilhéus raso e branco).
Cada um destes grupos de ilhas possui as suas próprias potencialidades e
fragilidades que bem geridas poderão catapultar as ilhas para um patamar de
estabilidade social e aproximado do patamar em que se encontra o município
prestigiado do Arquipélago (Municipio da Capital -Praia).
Estamos sempre disponíveis para apresentar os nossos argumentos, com a
devida solicitação e ou sempre que as circunstâncias assim exigirem e ou
ditarem.
Com a Revisão Constitucional necessária estaremos a criar condições legais
para a reestruturação da Assembleia Nacional que poderá passar a ser
constituída por duas câmaras (Alta e Baixa) com 52 Deputados ou com o mesmo
sistema mas desta feita com apenas 32 Deputados (26 residentes no país e 6 na
diáspora). A estes se juntarão ainda os 4 presidentes das regiões durante os
debates parlamentares e com sugestões e contribuições pontuais nos trabalhos de
preparação de proposta de projectos de Lei a serem apresentados nas plenárias
(esses presidentes só terão uma recompensa pontual pelas suas deslocações e
participações nos debates). Uma forma prática de poupar recursos e de as
populações passarem a ter uma representação mais adequada às suas necessidades
e contribuírem com os seus inputs (através do presidente regional) nas
propostas de lei, enquanto reforçam a prática da democracia no país.
Com a diminuição dos Ministérios e do número de Deputados/Assessores,
estaremos a poupar verbas suficientes para a instalação das quatro (4)
instituições Regionais, usufruindo também dos recursos humanos e materiais que
serão transferidos das representações descentralizadas dos ministérios.
O formulário para a eleição dos Deputados Nacionais é um assunto que terá
que ser apresentado ao povo eleitor, para um referendo nacional, conforme a
Constituição da República assim estipula.
Artigo 4o (Exercício do poder político)
1. O poder político é exercido pelo povo através do referendo, do sufrágio
e pelas demais formas constitucionalmente estabelecidas. 2. Para além da
designação por sufrágio dos titulares dos órgãos do poder político, estes
poderão ser também designados pelos representantes do povo ou pela forma
constitucional ou legalmente estabelecido; e, somos de opinião de que o artigo
da constituição que definirá os processos de eleições dos
legislativas/Deputados nacionais terá que ser criada, respeitando os critérios
democráticos e transparência total. Chegou a hora de mudarmos o sistema
eleitoral em Cabo Verde e dar oportunidade a pessoas independentes e sem
militâncias partidárias.
A Regionalização do Arquipélago é uma necessidade urgente, do Pais, e ela
não pode ser um processo formatado, dogmático e mecânico, mas sim um processo
sujeito a uma progressiva evolução e constante avaliação critica, no sentido do
seu aperfeiçoamento ao longo do tempo.
Reiterámos, uma vez mais, que o processo de Regionalização é um processo
que urge a implementação de mecanismos de diálogo e discussões alargadas e
inclusivas a todos os sectores da sociedade nacional.
Por esta e outras razões solicitamos o envolvimento destemido de todos os
protagonistas de Debates Sobre a Regionalização do nosso querido País, para que
possamos debater, democraticamente, os problemas sociais, econômicos,
ambientais e culturais, de todas as ilhas, com mentes abertas e sem reservas
politicas e ou pessoais, de qualquer um que seja.
Para que o Debate Sobre a Regionalização seja produtivo e objectivo,
teremos que unir á volta da causa nacional, com espirito otimista, de encontrar
soluções alcançáveis, para colmatarmos as carências e diminuir ou eliminar as
assimetrias existentes entre as destintas Ilhas deste Arquipélago sacrificado,
devido a incompetência e incoerência de alguns governantes e seus
colaboradores.
Através de um debate sério e responsável, seremos capazes de encontrar
soluções, decidindo com base nos dados oficiais já existentes e que nos dão
conta da inviabilidade de alguns Municípios nacionais e incumprimento cabal das
exigências governamentais de outros. "O politicamente incorrecto",
como diz, e bem, o nosso companheiro da caminhada, o Dr. Arsênio de Pina.
Com isto, queremos dizer que existe uma necessidade premente de tomada de
decisões impopulares, mas que serão para o bem e a evolução robusta do nosso
País.
Para que isso aconteça, sem sobressaltos, teremos que ponderar as nossas
posições politicas e sociais para que possamos contribuir, cabalmente, na
organização e participação dos intervenientes que, decerto, serão objectivos e
concisos nas suas apresentações e tomadas de posições, enriquecendo,
progressivamente, o debate Sobre a Regionalização do País.
Para que tenhamos sucessos neste novo e exigente processo de união e
desenvolvimento nacional, os políticos terão que embarcar no mesmo barco que
transporta a população do País.
A união e o respeito para com a opinião dos populares será, sem sombras
para dúvidas, veículos blindados para enfrentarmos esta luta rumo a um futuro
próspero deste Arquipélago desprovido dos milionários recursos naturais mas
que, com profissionalismo e respeito, será capaz de capitalizar na sua riqueza
marítima, turística, agro-pecuária, cultural, ambiental e humana.
As decisões Politicas não podem continuar sendo decisões precipitadas, de caris
propagandistas, numa clara tentativa absurda de confundir a opinião pública e
ludibriar a realidade dos factos.
Há que respeitar e ter em conta as colaborações resultantes do árduo
trabalho dos que decidiram colaborar no processo de desenvolvimento do País,
sem pretensões politico-profissionais e ou recompensações baratas.
Queremos um Cabo Verde próspero, livre de corrupções políticas e ou
institucionais, unido, respeitador das leis em vigor no país. Um país realmente
democrático, capaz e apto para acompanhar e desfrutar das evoluções
tecnológicas mundiais.
P.S.: No próximo artigo dissertaremos sobre as potencialidades das ilhas e
as formas de cada ilha ajudar o desenvolvimento do seu grupo e da nação global
cabo-verdiana.
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